quarta-feira, 26 de março de 2014

Um pouco da cosmovisão da Marcha de 64.

      Devido a uma série de “experts” em história, com seus palpites e teorias patéticas e manjadas do “coitadismo” esquerdista, venho por meio desta pesquisa, refrescar a memória, ou melhor, se fosse refrescar, seria por que, cargas d'água, em algum momento na vida, estas informações já teriam sido professadas por alguém e a informação estava adormecida em seus subconscientes, como não deve ser o caso, se você não sabia disso, guarde as informações do resumão, para não pagar “vale” no próximo debate sobre o assunto em questão.


     Nos primeiros anos da década de 60, o Brasil passou a viver um período de crescente instabilidade política, militar e institucional. Em 1961, Luiz Carlos Prestes encontra-se com Nikita Khrushchev em Moscou, para planejar a revolução agrária no Brasil. Neste mesmo ano no governo de Jânio Quadros, o PCB, enviou a Cuba com o apoio de Fidel Castro, dezenas de brasileiros para o treinamento político-militar, visando a preparação de quadros revolucionários para desencadear ações de guerrilha rural e urbana no Brasil. Os chineses também colaboraram com a implantação do comunismo no Brasil, recebendo na academia militar de Pequim em 1962, o primeiro contingente de brasileiros, visando a formação de quadros guerrilheiros para o movimento que viria a ser implantado na região do Araguaia. No nordeste do Brasil, Francisco Julião, formava as ligas camponesas, com militantes formados em Cuba, o apoio cubano concretizou-se com o fornecimento de armas e dinheiro, além da compra de fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco, para funcionar como campos de treinamento. No dia 4 de dezembro de 1962, o jornal Estado de São Paulo, noticiou a descoberta e o desbaratamento de um campo de treinamento de guerrilha no Estado de Goiás, em uma das 3 fazendas pertencentes as Ligas Camponesas.

     Enquanto isso Goulart, governava o País de forma pendular, hora para o lado comunista e hora para o lado conservador. Em setembro de 1963, tudo indicava que o País caminhava para uma revolução de esquerda, principalmente com João Goulart apoiando a sindicalização de sargentos, promovendo a queda da hierarquia e da disciplina nas forças armadas. Em 4 de outubro de 1963, Goulart solicita o Estado de Sitio ao Congresso Nacional, pelo prazo de 30 dias, essa manobra foi repelida pelo Congresso e João Goulart passou a conduzir ações no sentido de implementar o projeto golpista, que desaguaria em um regime totalitário de esquerda, orientado por seu cunhado Leonel Brizola (o mesmo que lhe deu um bofetão na cara), pregava a necessidade de reformas de base e a implantação de uma república sindicalista, controlando o aparelho sindical o Governo promovia o grevismo, a anarquia e o caos, o País começou a viver dias de intranquilidade, estagnação econômica e inflação descontrolada. Em meio a crescente radicalização do ambiente político, Brizola era a liderança que unificou as esquerdas na Frente de Mobilização Popular, criando o “Grupo dos 11 companheiros”, para tomar o poder pela luta armada, segundo Brizola, o Grupo dos 11 era a vanguarda avançada do movimento revolucionário, a exemplo da guarda vermelha da revolução socialista de 1917 na URSS. Alheio as críticas que lhe endereçavam os militares e a oposição civil, João Goulart e o PCB, mantinham entendimentos constantes.

     No dia 13 de março de 1964, um comício organizado na Praça Central do Brasil no Rio de Janeiro, ficou conhecido como a “comissão das reformas”, mais de 100.000 pessoas participaram, pedindo a legalização do PCB e a entrega de armas ao povo para a luta armada, no palanque estavam, João Goulart, Miguel Arraes e Leonel Brizola. No dia 19 de Março, aconteceu a resposta, a marcha das famílias com Deus pela liberdade, que reuniu cerca de 800.000 pessoas em oposição ao comício do dia 13, em demonstração ao descontentamento de grande parte da população com os rumos que tomavam a situação nacional, principalmente devido a impressionante demonstração de força, o tom radical dos discursos de Arraes e Brizola e a profusão de cartazes com a foice e o martelo.

     Em 20 de março, apoiados por Brizola e a CGT, a associação dos marinheiros e fuzileiros navais do Brasil, reuniu-se declarando um motim, dando origem a vários outros movimentos rebeldes no interior das forças armadas. Realizou-se em Niterói, na sede do sindicato dos operários navais, um congresso continental de solidariedade à Cuba, com a participação de delegações latino-americanas. Luiz Carlos Prestes manifestou o desejo de que o Brasil fosse a primeira nação da América do Sul a seguir o exemplo de Cuba, se tornando uma nação comunista. Na véspera de 30 de março de 1964, João Goulart, ignorando o pedido de assessores e de seu líder na câmara, Tancredo Neves, compareceu a sede do Automóvel Clube para uma homenagem da Associação dos Sargentos da Polícia Militar. No seu discurso Goulart defende a mudança na constituição para que pudesse concorrer as eleições presidenciais de 1965, desagradando Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e Jucelino Kubitchek, pré-candidatos à presidência da república. O golpe da esquerda já estava programado para 1º de maio de 64, caso o congresso nacional não aprovasse as mudanças. A imprensa brasileira, bem como importantes setores da Igreja Católica, do meio empresarial e a maior parte do congresso nacional, exigiam ações das Forças Armadas, para conterem os comunistas no Brasil. Ao final de março, jornais como O globo, Jornal do Brasil, Correio da Manhã e Diário de Notícias, pregaram abertamente a deposição do governo João Goulart. Nos bastidores dos acontecimentos a serviço secreto dos EUA e da URSS, trabalhavam intensamente, tentando cada um fazer a balança pender para seu lado, não medindo esforços para levar o Brasil a uma guerra civil. O General Olímpio Mourão Filho, resolveu partir com suas tropas, sediadas no estado de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, o General Castelo Branco ao saber disto, telefonou para Magalhães Pinto, Governador de Minas Gerais, com o intuito de segurar o levante, o Governador Mineiro argumentou que uma vez iniciada a revolução, seria um erro parar, pois alertaria as forças leais a Goulart, podendo agravar a situação. A falta de reação do Governo Goulart e dos grupos que lhe davam apoio foi notável, não se conseguiu articular uma reação armada por parte da esquerda, também fracassou uma greve geral, proposta pelo Comando Geral dos Trabalhadores em apoio ao governo.

     João Goulart em busca de segurança, viajou no dia 1º de abril, do Rio de Janeiro onde se encontrava no momento da revolução para Brasília e em seguida para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência, mas João Goulart desistiu de um confronto militar com os revolucionários e seguiu para o exílio para o Uruguai. No dia 2 de abril, o presidente da câmara dos deputados Ranieri Mazzilli, assume provisoriamente à presidência da república e mais de um milhão de pessoas lotaram as ruas e praças do País para comemorar a vitória. No dia 11 de abril de 1964, o congresso nacional se reuniu para eleger um novo presidente da república, o General Castelo Branco, aclamado por grande parte da sociedade brasileira, apoiado pela imprensa e por importantes setores da Igreja Católica, além de contar com a aprovação de grandes líderes políticos, entre eles Jucelino Kubitchek, precisava de 238 votos para ser eleito no primeiro turno e acabou recebendo 361 votos. No dia 15 de abril, Castelo Branco assume a presidência da república, consolida a vitória sobre o movimento comunista e renova a esperança do povo brasileiro em ter um País com dias melhores, porém a esquerda derrotada colocaria em cena nos anos posteriores Carlos Marighela, ideológico comunista e defensor da luta armada que submeteria o povo brasileiro as ações mais obscuras da guerrilha, O TERRORISMO.

      Agora, nos dias de hoje, a simples comparação com a marcha do dia 22 de março, sendo analisada assunto por assunto, questão por questão, escândalos por escândalos das duas datas, percebemos que a situação atual está terrivelmente pior do que daqueles anos, tirando alguns atenuantes e com o modus operandi disfarçado por esses mesmos asseclas do passado, que agora ocupam vários cargos públicos de alta complexidade, vemos o ranço ressurgir, claro que através de uma educação planificada e projetada com calma, do jeito sorrateiro do canalha maquiavélico a décadas. É claro que a reedição da marcha não teve o apoio devido dos grupos importantes que ainda conseguem mobilizar milhares de pessoas, nem uma divulgação maciça dos meios de comunicação, em fim, precisa-se de dinheiro e comprometimento desses órgãos para isto. Más a questão que ainda me deixa intrigado é a falta de bom senso da manada dita “intelectual”, que menospreza o ato em si, que no mínimo deixa viva – pelo menos para esse que vos escreve – um resíduo de esperança de um País possivelmente melhor, a marcha não é somente para favorecer militares; os militares são vistos no momento, como a única saída desse estado de corrupção instalado e instituído como plano de governo.

     Não há aonde recorrer mais, não podemos contar com urnas eletrônicas, nem com essa oposição chapa branca de FHC e caterva, não podemos confiar nem no Supremo Tribunal, nem na CNBB, o aparelhamento ideológico invadiu todas as instâncias imagináveis e inimagináveis. Não fico espantado quando alguns aparecem debochando e ridicularizando esses verdadeiros heróis que mostram as suas caras para questionar esse status quo que vivemos, pois estudamos a mente revolucionária e sabemos como procede e de onde vem tudo isso, esses mesmos heróis, alvos de militantes virtuais ou não, pagos ou não, para calarem as poucas vozes ainda roucas que restam. Esses mesmos heróis, que não tem medo de ser insultado, ameaçado, cuspido e ridicularizados até mesmo em suas rodas sociais. Esses mesmos heróis que são os primeiros a serem descartados e assassinados por sua índole ilibada e moral inalcançável por seus delatores. Assim nos mostrou a história. Que sirva de exemplo: Na área de recrutar pessoas a esquerda sempre ganhará. Temos que aprender com essa cambada esquerdista, pois mobilizar a massa é assunto que eles sabem fazer direitinho, ainda que pagando para causas pífias.





Referências:

USTRA, Carlos Alberto Brilhante. A verdade sufocada. Ed. Ser. Rio de Janeiro, 2006

BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O governo João Goulart. Brasília: UNB, 1997

RAMOS, Guerreiro. Mito e verdade da revolução brasileira. Ed. Zahar. 1973

GORENDER, Jacob. Combate nas trevas. Ed. Ática. 1987

AMARAL, A. F. Brizola e a legalidade. Ed. Intermédio. 1986